terça-feira, 22 de novembro de 2011

CUIDADO COM A DEPRESSÃO!!!!


Li um estudo sobre depressão em mulheres esta semana e resolvi escrever sobre o assunto.

Os índices são alarmantes, as mulheres, principalmente as divorciadas, costumam ser deprimidas e muitas começam a ter problemas com álcool.

É difícil mesmo enfrentar a solidão. Muitas mulheres, mesmo casadas, sentem-se sozinhas e começam a se entregar a este buraco sem fim.

No estudo da Escola de Saúde de Harvard, no Estados Unidos, foram acompanhadas 50 mil mulheres, a cada 2 anos, entre 1992 e 2006. Nenhuma delas no início da pesquisa apresentava depressão. Já ao final de 14 anos, 6.500 voluntárias haviam sido diagnosticadas com o problema.

Os médicos atribuem o fato ao sedentarismo. As mulheres mais sedentárias podem ter 20% mais chances de enfrentar quadros depressivos.

O estudo aponta a televisão como um grande aliado da depressão. A mulher fica horas e horas em frente da televisão, enquanto poderia estar praticando alguma atividade física.
Vários estudos já apontaram os prejuízos que o hábito de assistir muita TV pode causar: piora na alimentação, menor aprendizagem (nas crianças), Hipertensão, problemas psicológicos.


Longe de mim vir aqui para falar mal da televisão, pois acho que ela realmente é um grande aliado, quando nos sentimos sozinhas.

O problema na minha opinião, é não perceber quando a situação saiu do controle. Ou pior, perceber que esta se afundando e não pedir socorro.

Fique atenta, preste atenção em você. Quais as atividades do seu dia são para VOCÊ?

Nós mulheres, nos doamos demais para os filhos, para o trabalho e esquecemos que temos que viver também para nós.

Eu também acho um "saco" a tal da academia, não tenho a menor paciência pra isso. Mas coloquei na minha agenda uma caminhada de 30 minutos 3 vezes por semana e já estou caminhando 50 minutos, pelo menos 5 dias da semana. Me faz tão bem, que não consigo ficar sem.

A vida é maravilhosa e está ai para ser vivida.

Viva como se não houvesse o amanhã e dê "uma banana" para a depressão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um pouco de silêncio - Lya Luft



Para pensar...


"Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.

Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam.

Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

O normal é ser atualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem-relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe. Se não tomar cuidado, põem-no numa jaula: um animal estranho.

Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou por trilhos determinados – como hamsters que se alimentam da sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem apanha um susto de cada vez que examina a sua alma.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não «se arranjou» ninguém – como se a amizade ou o amor se «arranjasse» numa loja.

Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema.

O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incomodas e mal-resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.

Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse que paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projetos e sonhos?

No susto que essa idéia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largarmos a carteira ou a pasta. Não é para assistirmos a um programa: é pela distração.

O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras.

Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.

Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no meu ombro de criança e disse:

— Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar.

E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.

Então, por favor, dêem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos".


Lya Luft
Pensar é transgredir
Lisboa, Presença, 2005
Texto adaptado